Cântico VI
"Tu tens um medo:
Acabar.
Não vês que acabas todo o dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo o dia.
No amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.
E então serás eterno."
Os cântico acima foi extraído da "Antologia Poética", Editora Record - Rio de Janeiro, 1963.
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Cecília Meireles nasceu no dia 7 de novembro de 1901, e faleceu no dia 9 de novembro de 1964. Teve uma vida com muitas perdas, ao começar pela perda de seus pais logo cedo. Suas poesias eram cercadas de melancolia, saudade e angústias da vida. A belíssima poetisa foi um "nome de peso" na segunda fase do Modernismo.
Olá, meus queridos! Todos bem? Vasculhando a nossa amada internet, achei este poema (acima) magnífico da Cecília Meireles. Este poema, segundo a minha interpretação, retrata o medo do fim. O medo não só do fim da vida, mas, também, o medo do amor, da tristeza, do desejo como a própria autora cita. E digo mais: que quando atingimos determinada idade, perdemos o medo de morrer e eternizamos o sentido da vida e da morte. É como se ela falasse que tudo acaba e renasce novamente. Lindo, não é? Espero que gostem.
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